Em recente visita a Pedra do Ingá juntamente com o fotografo e espeleólogo francês, Marcus Barboza, deparei-me, como de costume, com uma situação que considero como trágica; pois estamos tratando de um dos sítios arqueológicos de arte rupestre mais conhecidos do mundo.
Recentemente, juntamente com o prof. Dr. Márcio Mendes (paleontólogo da UEPB), realizamos a recuperação do material fóssil do pequeno museu de Paleontologia ali existente. Para minha surpresa e do espeleólogo Marcus Barboza, nos deparamos com o material em péssimo estado de conservação, sem que a prefeitura local responsável pela manutenção da área, realizasse alguma atividade para salvaguardar as peças fósseis do contato direto das mãos dos turistas e curiosos mal informados que visitam o local, sendo que a maioria deles faz uso daquele ambiente para o consumo de bebida alcoólica e outras práticas danosas ao local. Recentemente, nos foi repassado um fêmur de Preguiça Gigante para um novo processo de restauro, pois o mesmo fora quebrado por um visitante, que o pegou nas mãos, deixando-o cair e esfarelar-se ao chão.
Nos últimos meses, o IPHAN doou ao local cordas e pequenos barretes para isolar a área onde se encontram principais painéis com gravuras rupestres. Para nosso desencanto, encontramos cordas ao chão, bem como as placas, também, doadas pelo IPHAN, avisando aos visitantes da proibição do acesso aos painéis rupestres. A maioria das placas foram quebradas pelos ilustres visitantes.
A meu ver, falta um trabalho de Educação Patrimonial na área e uma maior fiscalização por parte dos órgãos competentes. Como a coisa anda (ou seja, não anda), em poucos anos nossos descendentes não terão a mínima chance em vislumbrar as famosas gravuras da Pedra do Ingá. As mesmas serão contempladas nos velhos livros de História ou em alguma fotografia tirada por algum visitante em tempos remotos.