A Reserva Ecológica Mata do Pau-Ferro está localizada 5 km a oeste da sede do município
de Areia (6o 58’12’S e 35o 42’15’W), numa altitude variável entre 400 e 600 m,
temperatura média anual de 22o C, umidade relativa em torno de 85% e totais
pluviométricos anuais em torno de 1400 mm (Mayo & Fevereiro 1981). A área foi adquirida
pelo Estado em 1937 e, desde a década de 40, tem sido objeto de coletas aleatórias,
principalmente por parte de Jaime Coelho de Moraes e Lauro Xavier, numa primeira fase
(anos 40 e 50). Na década de 80, teve início, por iniciativa do Centro de Ciências Agrárias
da UFPB, um projeto de levantamento florístico da área que, infelizmente, não teve
seqüência, embora inúmeras coletas tenham sido realizadas por Vânia Fevereiro e colaboradores. O atual levantamento florístico foi realizado através de caminhadas aleatórias em toda
a área da Reserva, no período de 1997 a 2000 e em um total de 85 unidades amostrais,
constituídas por parcelas de 10 x 20 m, distribuídas em transectos ao longo dos ambientes
de matas ciliares da referida unidade de conservação. Estas coletas foram sistemáticas em
relação ao estrato arbustivo-arbóreo, objeto de um estudo fitossociológico realizado ao longo
das matas ciliares (Nascimento 2002). A identificação do material foi realizada com o
auxílio de chaves analíticas, consultas à bibliografia especializada, através de comparações
com material previamente identificado por especialistas ou por consulta aos próprios especialistas.
O material coletado foi incorporado à coleção do Herbário JPB. Foi levantado também
todo o material coletado anteriormente na área e que se encontrava depositado nos
herbários JPB e EAN. Como resultado, elaborou-se uma lista das espécies de Angiospermas,
de acordo com o sistema de Cronquist (1988), com a citação de um material de referência.
O nome dos autores está abreviado de acordo com Brummit & Powell (1992).
A Reserva Ecológica Mata do Pau-Ferro, com cerca de 600 ha, localizada no município
de Areia, constitui uma unidade de conservação de domínio estadual, criada pelo Decreto
14.832, de 01 de outubro de 1992. É, certamente, a mata de brejo mais representativa no
estado da Paraíba. Ela já sofreu forte pressão antrópica, notadamente antes da criação da
Reserva. Vastas áreas de matas ciliares, principalmente aquelas ocorrentes em várzeas,
foram desmatadas para dar lugar a culturas agrícolas. Essas áreas, atualmente, estão abandonadas, formando capoeiras em diferentes estágios sucessionais, algumas delas tomadas
por gramíneas que impedem ou dificultam o processo de regeneração natural. Ressalte-se
ainda que a Mata do Pau-Ferro cobre praticamente toda a área de captação da Represa de
Vaca-Brava, reservatório que garante o abastecimento de água de diversos municípios da
microrregião do Brejo Paraibano.
de Areia, constitui uma unidade de conservação de domínio estadual, criada pelo Decreto
14.832, de 01 de outubro de 1992. É, certamente, a mata de brejo mais representativa no
estado da Paraíba. Ela já sofreu forte pressão antrópica, notadamente antes da criação da
Reserva. Vastas áreas de matas ciliares, principalmente aquelas ocorrentes em várzeas,
foram desmatadas para dar lugar a culturas agrícolas. Essas áreas, atualmente, estão abandonadas, formando capoeiras em diferentes estágios sucessionais, algumas delas tomadas
por gramíneas que impedem ou dificultam o processo de regeneração natural. Ressalte-se
ainda que a Mata do Pau-Ferro cobre praticamente toda a área de captação da Represa de
Vaca-Brava, reservatório que garante o abastecimento de água de diversos municípios da
microrregião do Brejo Paraibano.
Na mata Pau-Ferro podemos encontrar algumas trilhas onde o aventureiro pode conhecer melhor seu interior,entre elas se destaca a trilha do Cumbre que atravessa toda a reserva.
Os gêneros com maior número de espécies foram: Sida (11), Solanum (10), Piper (6),
Psychotria (5), Senna (6), Ipomoea (5) e Vernonia (5). Destes, Sida caracteriza-se principalmente por espécies presentes em áreas alteradas. Já as espécies de Solanum e Psychotria
são características do sub-bosque da Mata Atlântica. Destacam-se também os gêneros
Croton e Passiflora, com 4 espécies cada, e Cordia, Heliotropium, Tournefortia, Miconia,
Acacia, Microtea, Borreria e Melochia, com 3 espécies cada. Dentre as espécies arbóreas
identificadas na área estudada, são comumente encontradas Tapirira guianensis,
Erythroxylum pauferrense, E. simonis, Ocotea glomerata, Eschweilera ovata, Byrsonima sericea, Rapanea guianensis e Cupania revoluta.
Como ocorre com as outras matas de brejo de altitude do Nordeste, dados de levantamentos
anteriores, quando feitos, foram publicados de forma muito incompleta, dificultando
uma análise de mudanças da flora ao longo dos anos. Na Mata do Pau-Ferro foi feito um
trabalho pioneiro por Mayo & Fevereiro (1982), no qual os autores afirmam que identificaram
cerca de 200 espécies de angiospermas e gimnospermas. No entanto, publicaram apenas
uma lista preliminar com 24 espécies arbóreas encontradas em dois transectos de 6 x 200 m,
nos quais foram levantadas todas as árvores com DAP maior ou igual a 10 cm. Todavia, mesmo
o número total de espécies mencionado é bem inferior ao encontrado neste trabalho.
A ênfase dos trabalhos com a flora das matas serranas nordestinas, nos últimos anos,
tem sido a comparação entre distintos brejos. Em uma comparação deste tipo, a Mata do
Pau-Ferro destaca-se pela riqueza de espécies. O número encontrado é um pouco menor
(309 contra 375) que o da Mata do Estado, em São Vicente Férrer, Pernambuco (Ferraz
2002), e muito próximo ao número de espécies listadas para o Pico do Jabre (neste volume),
na Paraíba, porém bem maior que o de todas as outras matas de brejo já estudadas, que
ficaram abaixo de 200. Várias hipóteses podem ser levantadas para explicar esta maior riqueza,
mas não é possível, atualmente, separar a contribuição de diferentes causas. Os
levantamentos dirigidos preferencial ou mesmo exclusivamente para arbóreas (Ferraz et al.
1998, Tavares et al. 2000, Cavalcante et al. 2000, Nascimento 2001, Moura & Sampaio,
2001), obviamente, resultam em números inferiores aos da flora total e impedem uma comparação
realista com a lista completa deste trabalho. Mas as listas abrangentes das matas
da Serra de Itabaiana, em Sergipe (Vicente 1999), e de Pesqueira, em Pernambuco (Correia
1996), contam apenas com 106 e 188 espécies, respectivamente.
A maior proximidade do brejo de Areia da área originalmente ocupada com Mata
Atlântica, na faixa mais úmida e mais próxima à costa, também pode ser uma causa de
maior riqueza, como foi aventado para a Mata de São Vicente Férrer (Ferraz 2002). As
duas matas estão bastante próximas desta faixa, em contraposição a brejos circundados
por uma área de maior raio na qual predomina a caatinga, como a Serra de Baturité, no
Ceará (Cavalcante et al. 2000), ou em Triunfo (Ferraz et al. 1998) e Pesqueira (Correia
1996), em Pernambuco. Entretanto, nestes casos, o efeito da maior distância pode ser
reforçado pelo efeito do tamanho da área remanescente de mata, outro fator que pode
influenciar na riqueza da flora, áreas menores tendendo a uma flora mais pobre (Ferraz
2002). Os remanescentes na Serra de Baturité e em Triunfo são muito pequenos (menos
de 50 ha) e o de Pesqueira um pouco maior (85 ha), mas bem menor que os de Pau-Ferro
e de São Vicente Férrer (mais de 600 ha). Estas áreas maiores também podem incluir uma
maior variação de situações, como clareiras, estágios sucessionais em locais de antigos
cultivos e depressões inundáveis, que contribuem para a flora total com as espécies que
lhes são características. A Mata do Pau-Ferro inclui todas as situações acima.
Naturalmente, estas não são as únicas causas de uma flora reduzida. O tamanho do
remanescente de mata em Brejo dos Cavalos (cerca de 500 ha), em Caruaru (Tavares et al.
2000), e a distância da mata costeira são semelhantes aos da Mata do Pau-Ferro, mas o
número de espécies listadas foi bem menor. Há que se considerar o efeito da antropização,
embora ele seja menos claro em suas conseqüências. Uma degradação avançada pode
resultar em redução no número de espécies, mas a alteração de algumas manchas pode
favorecer a presença de espécies invasoras, às vezes vindas dos cultivos vizinhos, que se
somam às da flora original. Além destas causas, diferenças ambientais, como disponibilidade
hídrica (chuva, orvalho, profundidade de solo), temperatura e fertilidade do solo (distintos
nutrientes), podem ser responsáveis por diferenças em riqueza. É necessário um
maior número de estudos para que a contribuição destes múltiplos fatores seja
identificada.
Psychotria (5), Senna (6), Ipomoea (5) e Vernonia (5). Destes, Sida caracteriza-se principalmente por espécies presentes em áreas alteradas. Já as espécies de Solanum e Psychotria
são características do sub-bosque da Mata Atlântica. Destacam-se também os gêneros
Croton e Passiflora, com 4 espécies cada, e Cordia, Heliotropium, Tournefortia, Miconia,
Acacia, Microtea, Borreria e Melochia, com 3 espécies cada. Dentre as espécies arbóreas
identificadas na área estudada, são comumente encontradas Tapirira guianensis,
Erythroxylum pauferrense, E. simonis, Ocotea glomerata, Eschweilera ovata, Byrsonima sericea, Rapanea guianensis e Cupania revoluta.
Como ocorre com as outras matas de brejo de altitude do Nordeste, dados de levantamentos
anteriores, quando feitos, foram publicados de forma muito incompleta, dificultando
uma análise de mudanças da flora ao longo dos anos. Na Mata do Pau-Ferro foi feito um
trabalho pioneiro por Mayo & Fevereiro (1982), no qual os autores afirmam que identificaram
cerca de 200 espécies de angiospermas e gimnospermas. No entanto, publicaram apenas
uma lista preliminar com 24 espécies arbóreas encontradas em dois transectos de 6 x 200 m,
nos quais foram levantadas todas as árvores com DAP maior ou igual a 10 cm. Todavia, mesmo
o número total de espécies mencionado é bem inferior ao encontrado neste trabalho.
A ênfase dos trabalhos com a flora das matas serranas nordestinas, nos últimos anos,
tem sido a comparação entre distintos brejos. Em uma comparação deste tipo, a Mata do
Pau-Ferro destaca-se pela riqueza de espécies. O número encontrado é um pouco menor
(309 contra 375) que o da Mata do Estado, em São Vicente Férrer, Pernambuco (Ferraz
2002), e muito próximo ao número de espécies listadas para o Pico do Jabre (neste volume),
na Paraíba, porém bem maior que o de todas as outras matas de brejo já estudadas, que
ficaram abaixo de 200. Várias hipóteses podem ser levantadas para explicar esta maior riqueza,
mas não é possível, atualmente, separar a contribuição de diferentes causas. Os
levantamentos dirigidos preferencial ou mesmo exclusivamente para arbóreas (Ferraz et al.
1998, Tavares et al. 2000, Cavalcante et al. 2000, Nascimento 2001, Moura & Sampaio,
2001), obviamente, resultam em números inferiores aos da flora total e impedem uma comparação
realista com a lista completa deste trabalho. Mas as listas abrangentes das matas
da Serra de Itabaiana, em Sergipe (Vicente 1999), e de Pesqueira, em Pernambuco (Correia
1996), contam apenas com 106 e 188 espécies, respectivamente.
A maior proximidade do brejo de Areia da área originalmente ocupada com Mata
Atlântica, na faixa mais úmida e mais próxima à costa, também pode ser uma causa de
maior riqueza, como foi aventado para a Mata de São Vicente Férrer (Ferraz 2002). As
duas matas estão bastante próximas desta faixa, em contraposição a brejos circundados
por uma área de maior raio na qual predomina a caatinga, como a Serra de Baturité, no
Ceará (Cavalcante et al. 2000), ou em Triunfo (Ferraz et al. 1998) e Pesqueira (Correia
1996), em Pernambuco. Entretanto, nestes casos, o efeito da maior distância pode ser
reforçado pelo efeito do tamanho da área remanescente de mata, outro fator que pode
influenciar na riqueza da flora, áreas menores tendendo a uma flora mais pobre (Ferraz
2002). Os remanescentes na Serra de Baturité e em Triunfo são muito pequenos (menos
de 50 ha) e o de Pesqueira um pouco maior (85 ha), mas bem menor que os de Pau-Ferro
e de São Vicente Férrer (mais de 600 ha). Estas áreas maiores também podem incluir uma
maior variação de situações, como clareiras, estágios sucessionais em locais de antigos
cultivos e depressões inundáveis, que contribuem para a flora total com as espécies que
lhes são características. A Mata do Pau-Ferro inclui todas as situações acima.
Naturalmente, estas não são as únicas causas de uma flora reduzida. O tamanho do
remanescente de mata em Brejo dos Cavalos (cerca de 500 ha), em Caruaru (Tavares et al.
2000), e a distância da mata costeira são semelhantes aos da Mata do Pau-Ferro, mas o
número de espécies listadas foi bem menor. Há que se considerar o efeito da antropização,
embora ele seja menos claro em suas conseqüências. Uma degradação avançada pode
resultar em redução no número de espécies, mas a alteração de algumas manchas pode
favorecer a presença de espécies invasoras, às vezes vindas dos cultivos vizinhos, que se
somam às da flora original. Além destas causas, diferenças ambientais, como disponibilidade
hídrica (chuva, orvalho, profundidade de solo), temperatura e fertilidade do solo (distintos
nutrientes), podem ser responsáveis por diferenças em riqueza. É necessário um
maior número de estudos para que a contribuição destes múltiplos fatores seja
identificada.
Comparar a flora da Mata do Pau-Ferro com a da mata ombrófila costeira paraibana
esbarra na carência de dados. Há apenas um trabalho publicado sobre esta mata costeira
(Barbosa 1996) e quase na máxima distância possível de Areia, em João Pessoa, a poucos
quilômetros do mar. Se já houve uma gradação de flora desta faixa costeira até a encosta da
Borborema, onde está Areia, não se sabe e fica difícil saber, porque quase toda a vegetação
original foi substituída por cultivos. Neste levantamento em João Pessoa, foram encontradas
236 espécies, das quais 89 em comum com o levantamento da Mata do Pau-Ferro,
mostrando claramente a ligação florística entre ambas as áreas.
Esta ligação parece maior que a existente entre as matas do Pau-Ferro e de São Vicente
Férrer. Das 375 espécies deste último local, apenas 49 também ocorreram na lista das 309
espécies de Pau-Ferro. Do mesmo modo, comparações com a flora de outras matas serranas
nordestinas, tomadas isoladamente, revelam um baixo número de espécies em comum.
Tomando, por exemplo, a lista florística mais completa depois das duas acima, a da mata de
Pesqueira (Correia 1996), apenas 32 das 188 espécies também ocorreram em Pau-Ferro. As
outras comparações apontam quadro semelhante. É preciso ressaltar, entretanto, que todas
elas devem ser feitas com cautela, por conta de diversas limitações, como a amostragem
parcial da flora e a alta proporção de espécies com identificação incompleta. Tendo em
mente esta ressalva, parece que a flora dos brejos é muito diversificada, com baixa semelhança
entre matas isoladas, mas com muitas espécies que aparecem em alguns deles e em
outros não. Este padrão é apontado comparando-se a flora de vários brejos pernambucanos
(Sales et al. 1998). Nesta listagem ampla, com 957 espécies, há 118 também encontradas na
Mata do Pau-Ferro. Portanto, um número relativamente grande de espécies ocorre em algum
outro brejo, ainda que a semelhança florística seja baixa com cada um deles tomado
isoladamente. O maior número de espécies em comum com um deles, o de São Vicente
Férrer, foi apenas 49. Desta análise emerge uma outra observação importante: quase dois
terços das espécies de Pau-Ferro (quase 200 espécies) não foram citadas na lista geral da
flora dos brejos pernambucanos organizada por Sales et al. (1998). Isto leva à conclusão de
que as matas serranas têm floras bem particulares e que todo esforço deve ser feito para
preservar os poucos remanescentes ainda existentes.
Obviamente, a diversidade florística das matas serranas se reduz e a semelhança entre
elas aumenta quando se consideram níveis taxonômicos acima de espécie, como gênero e
família. Em todos os biomas brasileiros, as famílias presentes não variam muito, refletindo a
origem comum da flora neotropical. Algumas poucas famílias estão ausentes em alguns
biomas, notadamente famílias bem representadas nas matas úmidas e freqüentemente ausentes
em levantamentos na caatinga, como por exemplo, Lecythidaceae, Moraceae e
Melastomataceae. O inverso é menos comum, com poucas exceções, entre elas, Cactaceae.
Neste nível, em geral, a flora das matas serranas nordestinas é mais semelhante à de outras
matas enquadradas no bioma Mata Atlântica, como as matas costeiras da região, e, por isto,
as matas serranas têm sido incluídas neste bioma, apesar de situadas dentro da área do
bioma Caatinga. Esta situação, com toda a indefinição de fronteiras que causa, justifica que
tenham sido referidas para as matas serranas muitas espécies típicas de caatinga, incluindo
várias da família Cactaceae. Na Mata do Pau-Ferro estão representadas quase todas as
famílias da Mata Atlântica nordestina (Barbosa 1996).
A comparação das famílias presentes na Mata do Pau-Ferro com as das listas de outras
matas Serranas pode ser feita, em maior detalhe, levando em conta a representatividade,
em termos de número de espécies. Entretanto, considerando que as comparações ficam
prejudicadas no caso das listas oriundas de levantamentos com critérios de exclusão que
eliminam espécies de plantas de pequeno porte, os casos comparáveis são muito poucos.
Várias das famílias com maior número de espécies em Pau-Ferro, como Malvaceae
(21 espécies), Asteraceae (14), Convolvulaceae (12) e Solanaceae (16), possuem muitas espécies
de plantas de pequeno porte, excluídas nos levantamentos restritos a arbóreas. Assim,
foram pouco representadas nas listas dos trabalhos voltados mais à fitossociologia, mas
também eram das mais representadas na lista de São Vicente Férrer (Ferraz 2002). As famílias
com predominância de espécies que atingem porte arbóreo e que constam na lista de
Pau-Ferro, entre às com maior número de espécies, também tinham posição alta no
ordenamento por número de espécies em outras listas de matas serranas. Há, no entanto,
diferenças nas ordens de classificação das famílias entre as distintas matas. Em quase todas,
Fabaceae, no sentido amplo de Leguminosae (30 espécies em Pau-Ferro), tem o maior
número de espécies, como ocorre também na caatinga e no cerrado, numa característica da
flora neotropical.
esbarra na carência de dados. Há apenas um trabalho publicado sobre esta mata costeira
(Barbosa 1996) e quase na máxima distância possível de Areia, em João Pessoa, a poucos
quilômetros do mar. Se já houve uma gradação de flora desta faixa costeira até a encosta da
Borborema, onde está Areia, não se sabe e fica difícil saber, porque quase toda a vegetação
original foi substituída por cultivos. Neste levantamento em João Pessoa, foram encontradas
236 espécies, das quais 89 em comum com o levantamento da Mata do Pau-Ferro,
mostrando claramente a ligação florística entre ambas as áreas.
Esta ligação parece maior que a existente entre as matas do Pau-Ferro e de São Vicente
Férrer. Das 375 espécies deste último local, apenas 49 também ocorreram na lista das 309
espécies de Pau-Ferro. Do mesmo modo, comparações com a flora de outras matas serranas
nordestinas, tomadas isoladamente, revelam um baixo número de espécies em comum.
Tomando, por exemplo, a lista florística mais completa depois das duas acima, a da mata de
Pesqueira (Correia 1996), apenas 32 das 188 espécies também ocorreram em Pau-Ferro. As
outras comparações apontam quadro semelhante. É preciso ressaltar, entretanto, que todas
elas devem ser feitas com cautela, por conta de diversas limitações, como a amostragem
parcial da flora e a alta proporção de espécies com identificação incompleta. Tendo em
mente esta ressalva, parece que a flora dos brejos é muito diversificada, com baixa semelhança
entre matas isoladas, mas com muitas espécies que aparecem em alguns deles e em
outros não. Este padrão é apontado comparando-se a flora de vários brejos pernambucanos
(Sales et al. 1998). Nesta listagem ampla, com 957 espécies, há 118 também encontradas na
Mata do Pau-Ferro. Portanto, um número relativamente grande de espécies ocorre em algum
outro brejo, ainda que a semelhança florística seja baixa com cada um deles tomado
isoladamente. O maior número de espécies em comum com um deles, o de São Vicente
Férrer, foi apenas 49. Desta análise emerge uma outra observação importante: quase dois
terços das espécies de Pau-Ferro (quase 200 espécies) não foram citadas na lista geral da
flora dos brejos pernambucanos organizada por Sales et al. (1998). Isto leva à conclusão de
que as matas serranas têm floras bem particulares e que todo esforço deve ser feito para
preservar os poucos remanescentes ainda existentes.
Obviamente, a diversidade florística das matas serranas se reduz e a semelhança entre
elas aumenta quando se consideram níveis taxonômicos acima de espécie, como gênero e
família. Em todos os biomas brasileiros, as famílias presentes não variam muito, refletindo a
origem comum da flora neotropical. Algumas poucas famílias estão ausentes em alguns
biomas, notadamente famílias bem representadas nas matas úmidas e freqüentemente ausentes
em levantamentos na caatinga, como por exemplo, Lecythidaceae, Moraceae e
Melastomataceae. O inverso é menos comum, com poucas exceções, entre elas, Cactaceae.
Neste nível, em geral, a flora das matas serranas nordestinas é mais semelhante à de outras
matas enquadradas no bioma Mata Atlântica, como as matas costeiras da região, e, por isto,
as matas serranas têm sido incluídas neste bioma, apesar de situadas dentro da área do
bioma Caatinga. Esta situação, com toda a indefinição de fronteiras que causa, justifica que
tenham sido referidas para as matas serranas muitas espécies típicas de caatinga, incluindo
várias da família Cactaceae. Na Mata do Pau-Ferro estão representadas quase todas as
famílias da Mata Atlântica nordestina (Barbosa 1996).
A comparação das famílias presentes na Mata do Pau-Ferro com as das listas de outras
matas Serranas pode ser feita, em maior detalhe, levando em conta a representatividade,
em termos de número de espécies. Entretanto, considerando que as comparações ficam
prejudicadas no caso das listas oriundas de levantamentos com critérios de exclusão que
eliminam espécies de plantas de pequeno porte, os casos comparáveis são muito poucos.
Várias das famílias com maior número de espécies em Pau-Ferro, como Malvaceae
(21 espécies), Asteraceae (14), Convolvulaceae (12) e Solanaceae (16), possuem muitas espécies
de plantas de pequeno porte, excluídas nos levantamentos restritos a arbóreas. Assim,
foram pouco representadas nas listas dos trabalhos voltados mais à fitossociologia, mas
também eram das mais representadas na lista de São Vicente Férrer (Ferraz 2002). As famílias
com predominância de espécies que atingem porte arbóreo e que constam na lista de
Pau-Ferro, entre às com maior número de espécies, também tinham posição alta no
ordenamento por número de espécies em outras listas de matas serranas. Há, no entanto,
diferenças nas ordens de classificação das famílias entre as distintas matas. Em quase todas,
Fabaceae, no sentido amplo de Leguminosae (30 espécies em Pau-Ferro), tem o maior
número de espécies, como ocorre também na caatinga e no cerrado, numa característica da
flora neotropical.
Vale a pena visitar esta bela reserva, onde natureza e aventura se confundem.
Fonte: www.cepan.org.br/docs/publicacoes/livro_brejos/parte4_brejos.pdf
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