O Museu de História Natural de Ingá completou 12 anos (matéria de 23 de agosto de 2007) de existência com um pé na frente da paleontologia, ao receber de um doador, Hugo Marconi Ribeiro, uma relíquia fóssil de 400 milhões de anos. Trata-se de exemplar petrificado de um amonites, cientificamente apontado como habitante do oceano primitivo, que data do período Devoniano, encontrado na faixa sedimentar do Cabo Branco, na zona Leste de João Pessoa. Por causa desta pecinha e de outras curiosidades expostas, de janeiro para cá o museu já recebeu a visita comprovada de mais de quatro mil pessoas.
O livro de registro do museu indica que aproximadamente 15% dos visitantes procedem do Sul-Sudeste do Brasil. Os paulistas e catarinenses se destacam neste afã, principalmente professores universitários, estudantes de nível superior, médicos, arqueólogos e paleontólogos. Os nomes estrangeiros constam em menor número, embora indiquem visitantes procedentes da Alemanha, Holanda, Portugal, Espanha e Itália. E o que é que existe em Ingá, para atrair a curiosidade desses estrangeiros?
O professor universitário pernambucano Antônio Ladislau Freire, cuja visita ao museu coincidiu com a da reportagem, no dia 13 de agosto deste ano, disse que a maior atração do local são as itacoatiaras, mundialmente reconhecidas como um verdadeiro desafio para a ciência atual. Depois, surgem as histórias locais, que atribuem um leque de versões às origens das itacoatiaras, quem as produziu e o motivo que estimulou alguém a elaborar este grande painel de insculturas, com entalhes e desenhos deveras curiosos.
De permeio, o visitante recorre ao museu que, apesar de modesto em suas dimensões, possui raridades que seriam do agrado de qualquer pesquisador ou mesmo colecionador. O amonites está encerrado em seu casulo calcáreo, do jeito que o cataclismo natural o apanhou, nos tempos em que a ciência admite que o homem ainda não existia. Não há maiores explicações sobre este fóssil, no modesto cartaz do museu. Seu formato de camarão, com um palmo e meio de diâmetro, aguça mais ainda a curiosidade leiga, convindo citar que esta relíquia também não passa despercebida aos olhos dos estudiosos.
No fundo do salão, um painel pintado por artista da terra (a assinatura não está legível) mostra um cenário do interior paraibano de 10/12 mil anos atrás, quando por ali proliferavam os bandos de Eremo-theriums - as preguiças gigantes, cuja altura atingia até os nove metros. Os ossos deste animal, que em altura superavam até algumas espécies de dinossauros, estão colocados sobre uma banqueta no interior do museu e atraem a atenção do público por causa de suas dimensões.
Uma tíbia e um fêmur da preguiça gigante estão lá, com seus mais de um metro de comprimento. Fossilizados, a natureza os transformou em pedras escuras e brilhantes mantendo o formato natural dos ossos. Este e outros achados de incontestável valor científico saíram do Sítio Torres, na zona rural de Ingá, que ao longo dos anos vem provocando surpresas paleontológicas e arqueológicas, capazes de interessar a renomados estudiosos de todo o mundo.
Na opinião do pesquisador Vanderley Brito, presidente da Sociedade Paraibana de Arqueologia, com sede em Campina Grande, "os segredos de Ingá, incluindo as itacoatiaras e os sítios arqueológicos dos arredores, possuem assuntos de caráter científico que devem ser discutidos em termos acadêmicos". Para ele, as teses extraterrestres ou fantasiosas iguais a esta não podem ser comparadas às opiniões de caráter científico. "Se for realizada uma escavação técnica e minuciosa nas imediações do museu e das itacoatiaras outras surpresas irão surgir", admite Brito. O Museu de História Natural de Ingá está a menos de 50m de distância das itacoatiaras.
Inaugurado em julho de 1995, o Museu de História Natural de Ingá foi implantado graças aos esforços dos paleontólogos Castor Castelle e Maly Trevas. Uma placa inaugural fala sobre isto. As primeiras peças a constar no acervo do museu foram as costelas e a ossada da cabeça de uma baleia-cachalote, encontrada soterrada na areia, em Tambaba, no Litoral Sul, pelo jornalista Hilton Gouvêa e o policial civil Gilson Pereira, o popular Xexéu, numa manhã de agosto de 1996.
Depois chegaram as unhas das patas da preguiça gigante, cada uma com 30cm de comprimento. Os ossos foram descobertos e doados um mês depois. Por fim, entre outras peças, o museu foi contemplado com a carcaça e alguns ossos do tatu gigante. Os ossos do Eremo-therium e o Amonites foram doações mais recentes, aí incluídas as pontas de flechas feitas de pedra e alguns utensílios primitivos atribuídos a alguma população aborígene ou migratória, que tenha habitado em Ingá e redondezas.
Nada disso teria chegado até os dias atuais se o médico Arnaldo Tavares não praticasse um ato patriótico, impedindo, algumas décadas atrás, que as itacoatiaras e seus sítios arqueológicos em anexo fossem transformados em paralelepípedos. Conta-se que um emissário foi mandado às pressas a João Pessoa e que o cavalo que o homem montava morreu na entrada da cidade. Mas, ele conseguiu que a polícia chegasse a Ingá, munida de um mandado judicial, que impedia a explosão do painel e de áreas vizinhas.
A história da povoação de Ingá começou nos meados do Século XVIII, quando ali já se encontravam pequenos fazendeiros e grandes criadores de gado. Os pesquisadores encontraram cartas de sesmarias datadas de 1776, que traçavam limites citando os acidentes geográficos da região. Francisco de Arruda Câmara, Gaspar Gouveia, Cosma Tavares Leitão (viúva do fundador de Campina Grande, Teodósio de Oliveira Ledo), além de Manoel Tavares, fixaram residência em Ingá a partir de 1787.
Foi a partir daí que a povoação começou a prosperar, aumentando o número de casas construídas em redor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. A elevação à categoria de Vila ocorreu em 3 de novembro de 1840, no governo provincial de Francisco Xavier Monteiro de França, com a denominação de Vila do Imperador. A emancipação política se deu em 1846, com a denominação de Ingá. Estudiosos da língua indígena traduzem este termo como "cheio d'água", segundo o etmo tupi.
Os interesses de pesquisadores internacionais sobre as itacoatiaras do Ingá remontam ao início do Século XX. As visitas mais polêmicas ocorreram entre as décadas de 1930 e 1970. Um egípcio, um norte-americano, um italiano e um australiano chegaram a levantar teses rervolucionárias sobre a origem das itacoatiaras. O egípcio achou semelhanças das insculturas com o curso do Rio Nilo, que atravessa vários países da África. O italiano ficou crente de que aquilo tudo era obra dos hititas, um povo citado na Bíblia, a quem se atribui a descoberta do ferro e seu uso pioneiro como arma de guerra. O australiano decifrou as itacoatiaras como se fossem "um painel estelar". E o americano encontrou ali a história de uma expedição fenícia, perdida em terras da América.
O livro de registro do museu indica que aproximadamente 15% dos visitantes procedem do Sul-Sudeste do Brasil. Os paulistas e catarinenses se destacam neste afã, principalmente professores universitários, estudantes de nível superior, médicos, arqueólogos e paleontólogos. Os nomes estrangeiros constam em menor número, embora indiquem visitantes procedentes da Alemanha, Holanda, Portugal, Espanha e Itália. E o que é que existe em Ingá, para atrair a curiosidade desses estrangeiros?
O professor universitário pernambucano Antônio Ladislau Freire, cuja visita ao museu coincidiu com a da reportagem, no dia 13 de agosto deste ano, disse que a maior atração do local são as itacoatiaras, mundialmente reconhecidas como um verdadeiro desafio para a ciência atual. Depois, surgem as histórias locais, que atribuem um leque de versões às origens das itacoatiaras, quem as produziu e o motivo que estimulou alguém a elaborar este grande painel de insculturas, com entalhes e desenhos deveras curiosos.
De permeio, o visitante recorre ao museu que, apesar de modesto em suas dimensões, possui raridades que seriam do agrado de qualquer pesquisador ou mesmo colecionador. O amonites está encerrado em seu casulo calcáreo, do jeito que o cataclismo natural o apanhou, nos tempos em que a ciência admite que o homem ainda não existia. Não há maiores explicações sobre este fóssil, no modesto cartaz do museu. Seu formato de camarão, com um palmo e meio de diâmetro, aguça mais ainda a curiosidade leiga, convindo citar que esta relíquia também não passa despercebida aos olhos dos estudiosos.
No fundo do salão, um painel pintado por artista da terra (a assinatura não está legível) mostra um cenário do interior paraibano de 10/12 mil anos atrás, quando por ali proliferavam os bandos de Eremo-theriums - as preguiças gigantes, cuja altura atingia até os nove metros. Os ossos deste animal, que em altura superavam até algumas espécies de dinossauros, estão colocados sobre uma banqueta no interior do museu e atraem a atenção do público por causa de suas dimensões.
Uma tíbia e um fêmur da preguiça gigante estão lá, com seus mais de um metro de comprimento. Fossilizados, a natureza os transformou em pedras escuras e brilhantes mantendo o formato natural dos ossos. Este e outros achados de incontestável valor científico saíram do Sítio Torres, na zona rural de Ingá, que ao longo dos anos vem provocando surpresas paleontológicas e arqueológicas, capazes de interessar a renomados estudiosos de todo o mundo.
Na opinião do pesquisador Vanderley Brito, presidente da Sociedade Paraibana de Arqueologia, com sede em Campina Grande, "os segredos de Ingá, incluindo as itacoatiaras e os sítios arqueológicos dos arredores, possuem assuntos de caráter científico que devem ser discutidos em termos acadêmicos". Para ele, as teses extraterrestres ou fantasiosas iguais a esta não podem ser comparadas às opiniões de caráter científico. "Se for realizada uma escavação técnica e minuciosa nas imediações do museu e das itacoatiaras outras surpresas irão surgir", admite Brito. O Museu de História Natural de Ingá está a menos de 50m de distância das itacoatiaras.
Inaugurado em julho de 1995, o Museu de História Natural de Ingá foi implantado graças aos esforços dos paleontólogos Castor Castelle e Maly Trevas. Uma placa inaugural fala sobre isto. As primeiras peças a constar no acervo do museu foram as costelas e a ossada da cabeça de uma baleia-cachalote, encontrada soterrada na areia, em Tambaba, no Litoral Sul, pelo jornalista Hilton Gouvêa e o policial civil Gilson Pereira, o popular Xexéu, numa manhã de agosto de 1996.
Depois chegaram as unhas das patas da preguiça gigante, cada uma com 30cm de comprimento. Os ossos foram descobertos e doados um mês depois. Por fim, entre outras peças, o museu foi contemplado com a carcaça e alguns ossos do tatu gigante. Os ossos do Eremo-therium e o Amonites foram doações mais recentes, aí incluídas as pontas de flechas feitas de pedra e alguns utensílios primitivos atribuídos a alguma população aborígene ou migratória, que tenha habitado em Ingá e redondezas.
Nada disso teria chegado até os dias atuais se o médico Arnaldo Tavares não praticasse um ato patriótico, impedindo, algumas décadas atrás, que as itacoatiaras e seus sítios arqueológicos em anexo fossem transformados em paralelepípedos. Conta-se que um emissário foi mandado às pressas a João Pessoa e que o cavalo que o homem montava morreu na entrada da cidade. Mas, ele conseguiu que a polícia chegasse a Ingá, munida de um mandado judicial, que impedia a explosão do painel e de áreas vizinhas.
A história da povoação de Ingá começou nos meados do Século XVIII, quando ali já se encontravam pequenos fazendeiros e grandes criadores de gado. Os pesquisadores encontraram cartas de sesmarias datadas de 1776, que traçavam limites citando os acidentes geográficos da região. Francisco de Arruda Câmara, Gaspar Gouveia, Cosma Tavares Leitão (viúva do fundador de Campina Grande, Teodósio de Oliveira Ledo), além de Manoel Tavares, fixaram residência em Ingá a partir de 1787.
Foi a partir daí que a povoação começou a prosperar, aumentando o número de casas construídas em redor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. A elevação à categoria de Vila ocorreu em 3 de novembro de 1840, no governo provincial de Francisco Xavier Monteiro de França, com a denominação de Vila do Imperador. A emancipação política se deu em 1846, com a denominação de Ingá. Estudiosos da língua indígena traduzem este termo como "cheio d'água", segundo o etmo tupi.
Os interesses de pesquisadores internacionais sobre as itacoatiaras do Ingá remontam ao início do Século XX. As visitas mais polêmicas ocorreram entre as décadas de 1930 e 1970. Um egípcio, um norte-americano, um italiano e um australiano chegaram a levantar teses rervolucionárias sobre a origem das itacoatiaras. O egípcio achou semelhanças das insculturas com o curso do Rio Nilo, que atravessa vários países da África. O italiano ficou crente de que aquilo tudo era obra dos hititas, um povo citado na Bíblia, a quem se atribui a descoberta do ferro e seu uso pioneiro como arma de guerra. O australiano decifrou as itacoatiaras como se fossem "um painel estelar". E o americano encontrou ali a história de uma expedição fenícia, perdida em terras da América.
a descrição atual sobre o fóssil de amonites é falsa, foi apagada a origem da peça assim como o nome do doador
ResponderExcluircorrigindo o comentário anterior: a descrição do jornalista está correta! Entretanto atualmente a descrição do fóssil foi alterada atribuindo a outros pesquisadores a descoberta e doação do mesmo, ou seja o museu ou os responsáveis pelo mesmo falsificaram a descrição original!!
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