A equipe se juntou ao denunciante na cidade de Queimadas e subiu a Serra até o abrigo rochoso, que está localizado nas cercanias da zona urbana. Os pesquisadores constataram que esta necrópole indígena, assim como seu contexto natural circundante, de fato, foi muito vandalizado. Um empresário local é o responsável pela destruição para fins de aproveitar o abrigo rochoso para o empreendimento de construção civil, não se sabe ainda ao certo que tipo de empreendimento.
O cemitério do Loca recebeu profunda terraplanagem e algumas pedras do interior do abrigo, que certamente se apresentavam como obstáculo para o empreendedor, foram dinamitadas. A descaracterização foi total e segundo foi informado à equipe, houve a retirada de um saco de ossos humanos neste revolvimento de solo. No momento da visita da equipe não havia ninguém no local para prestar quaisquer informações sobre o vandalismo. Uma rápida prospecção de superfície revelou cerâmica indígena, faiança e ossos humanos, até parte de uma calota craniana foi resgatada sobre o sedimento revirado que se encontra no LABAP/UEPB.
Depois de verificar o estado do sítio, a equipe se dirigiu à Secretaria de Cultura e Turismo do Município para notificar o caso. Na oportunidade realizou-se uma reunião com o coordenador de Ação Social Antônio França da Silva e o estudante Wagner Falcão, representando o Projeto Rondon que está atuando na cidade, a Prefeitura se comprometeu em protocolar um ofício junto à Promotoria Pública Municipal notificando esse crime ambiental, espeleológico e arqueológico na Serra de Bodopitá.
No dia seguinte, o arqueólogo do LABAP - SPA, Prof. Juvandi Santos, também levou denúncia ao Ministério Público Estadual solicitando investigação. O crime ao patrimônio arqueológico é sem precedentes, o ato, segundo Vanderley de Brito “é o mesmo que rasgar páginas de um livro que nunca foi lido, tornando ainda mais insondável à percepção e o estudo de como viveram nossos ancestrais pré-históricos”. “A pré-história é um quebra-cabeça que estará sempre por ser montado e quando se depreda um sítio, o entendimento do passado fica comprometido” afirmou Thomas.
No Brasil, diversos casos semelhantes, infelizmente, vêm sendo notificados e na maioria dos casos, os responsáveis são penalizados em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) onde um salvamento arqueológico é imposto. No caso do sítio pré-histórico Loca, quem está devidamente habilitado a realizar a atividade de salvamento é o arqueólogo Juvandi, através do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB. “Nós possuímos no laboratório todo o equipamento necessário para empreender a atividade, pessoal devidamente qualificado e a autorização federal para salvar o que resta deste testemunho arqueológico” afirmou Juvandi. Esta autorização foi dada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN ao LABAP/UEPB em dezembro último e o salvamento do que ainda resta no Loca é o mínimo que se pode fazer para reparar este imenso dano causado por mais uma depredação de nosso patrimônio cultural.Fonte: http://arqueologiadaparaiba.blogspot.com/search/label/Serra%20de%20Bodopit%C3%A1
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