Os inúmeros registros arqueológicos dispersos por todo o território paraibano atestam que sociedades pré-históricas de complexas culturais se estabeleceram na região por milênios. No entanto, pouco se sabe a respeito destes povos, principalmente em se tratando do território onde hoje encontramos a Paraíba, onde as pesquisas em arqueologia ainda estão em amadurecimento. Contudo, o Estado apresenta inúmeras regiões arqueológicas onde existem conjuntos de testemunhos em uniformidade sistemática, nomenclaturados pelos arqueólogos André Prous (1992) como ‘áreas arqueológicas’ e Gabriela Martin (2005) como ‘Enclaves Arqueológicos’.
Um destes enclaves é a Serra de Bodopitá (cadeia de serras que se alonga continuamente por aproximadamente 45km, nascendo, seguindo o sentido oeste-leste, na margem esquerda do riacho Bodocongó, limite municipal entre Caturité e Queimadas, e se estende até a localidade de Serra Velha, que serve de limite territotial entre Itatuba e Ingá), cordilheira que emoldura a face sul de Campina Grande e que seguramente se enquadra neste conceito.
Em 2006, juntamente com o arqueólogo e Prof. da UEPB Juvandi de Souza Santos e o Historiador Vanderley de Brito (ambos da Sociedade Paraibana de Arqueologia), tive a oportunidade de ter como objeto de pesquisa esta cordilheira. Percorremos os seus 45 quilômetros de extensão para levantarmos as ocorrências visíveis da presença e/ou passagem de grupos pré-históricos na região. Surge deste trabalho o livro ‘Serra de Bodopitá: Pesquisas arqueológicas na Paraíba’(2006) que reúne 18 sítios arqueológicos ao longo da Serra, sendo destes 17 de inscrições rupestres e uma necrópole indígena. O destaque da obra é o ineditismo, pela primeira vez na Paraíba, o patrimônio arqueológico de uma região, neste caso a cordilheira de Bodopitá, é sistematizado e enquadrado nas perspectivas teóricas vigentes na pesquisa arqueológica brasileira.
Após a publicação, nos chega através das expedições empreendidas aos municípios de Queimadas e Fagundes, diversas informações de novas ocorrências arqueológicas, prova inconteste de que a obra não encerra o patrimônio pré-histórico da Serra, até porque o que está oculto no sedimento, no subsolo, não foi considerado. Mediante estas novas informações e achados, iremos prospectar estes lugares, sistematizar os dados e certamente publicar uma segunda edição desta obra.
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