quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Apollo 16

Insigena

Lançamento


Thomas "Ken" Mattingly, John Young & Charles Duke


Modulo Lunar Orion

Modulo lunar, Jeep lunar

A Apollo 16 foi a quinta missão tripulada a pousar na Lua, a primeira a pousar numa região montanhosa do satélite e a décima do Programa Apollo. Foi uma das missões que utilizou o jipe lunar e a primeira a colocar um pequeno satélite em órbita lunar, carregado de experimentos científicos dedicados ao estudo das partículas solares e do campo magnético da Lua.A tripulação contou com o astronauta 'Ken' Mattingly, escalado para participar da acidentada missão Apollo 13 mas que dela não participou por motivos médicos, depois considerados infundados.

O Começo do Fim

Se o apoio político para o Programa Apollo – e os fundos que vem com esse apoio – tivessem continuado em grande escala durante os anos 1970, na época da Apollo 16 a NASA já poderia estar pensando seriamente em estabelecer uma base permanente na Lua. Evidentemente este tipo de missão nunca foi possível e, na verdade, nesta época, a NASA já estava recolhendo as coisas e levantando seu acampamento lunar. As linhas do Programa Apollo com o Congresso dos Estados Unidos tinham sido fechadas e a Agência cancelou três missões para as quais o hardware do programa havia sido construído. Após a Apollo 16, só haveria mais uma missão. Como o Programa ia terminar, não havia mais nenhum equipamento novo para ser testado, nenhum novo método de trabalho para ser tentado. De qualquer maneira, com métodos e equipamentos aprovados em mãos, as últimas duas missões apresentaram esplêndidas oportunidades de esclarecer algumas das maiores incertezas que ainda restavam em nosso entendimento da Lua como satélite.As tripulações das Apollo 14 e 15 trouxeram de volta amostras de materiais lunares muito antigos, mas nenhuma delas visitou uma área puramente montanhosa. Alguns membros da comunidade geológica da NASA pensavam que as áreas montanhosas centrais do satélite pareceriam com certas regiões na Terra construídas por vulcanismo, e esperavam que a equipe da Apollo 16 encontrasse amostras para provar essa tese, na região programada para o pouso,
Descartes.
Orion em Descartes

A Apolo 16 foi lançada em 16 de abril de 1972. O comandante John Young havia voado duas vezes na Gemini e já tinha estado em órbita lunar como piloto do Módulo de Comando da Apollo 10. Anos mais tarde, ele iria comandar a primeira missão do ônibus espacial. O piloto do Módulo Lunar Orion, Charles Duke, havia servido com distinção como CapCom (Controlador de Vôo) durante o pouso da Apollo 11. E, finalmente, o piloto do Módulo de Comando Thomas Mattingly, havia sido escalado para voar na Apollo 13, mas por ter sido inadvertidamente contaminado com caxumba (o que mais tarde se provou falso por Duke), foi substituído no último minuto por seu substituto, John Swigert. Assim como John Young, Mattingly eventualmente ainda voaria como comandante do ônibus Espacial.Apesar de Young e Duke terem feito um pouso quase perfeito, pousando tão perto do seu alvo quanto a prudência e o terreno rugoso permitiam, eles pousaram seis horas atrasados. Em órbita, após eles terem ligado a força do Módulo Lunar Orion e se separado do Módulo de Comando Casper, Mattingly deveria disparar os motores do MC para se colocar numa posição em que pudesse fazer um resgate, em caso de um pouso abortado do ML. Porém, durante os testes, um defeito foi detectado no sistema substituto. De acordo com as regras da missão, nesse caso, as duas espaçonaves se juntariam novamente para o caso de se decidir que a tripulação deveria voltar à Terra. Entretanto, após seis horas de testes e análises, os controladores da missão noCentro Espacial Lyndon Johnson decidiu que o problema no motor poderia ser contornado e que o pouso deveria prosseguir.Durante as manobras finais de aproximação do solo, o primeiro aviso de Duke, em um ângulo da janela, mostrou a Young que eles estavam se dirigindo para um ponto cerca de 600 metros fora do seu alvo. Por dez vezes ele cutucou o controle de mão para dar ao computador um novo alvo. Como na Apollo 15, a mobilidade do jipe lunar significava que eles não precisariam pousar exatamente no ponto escolhido. A grande apreensão de Young era o fato de que existiam poucas sombras, para lhe mostrar onde estava o nível exato do solo neste terreno rugoso e foi somente nos últimos momentos que ele viu alguns indícios, pela sombra que o Módulo Lunar fazia na superfície. Numa combinação de perícia e sorte, ele alunissou num ponto bastante nivelado.Graças ao atraso em órbita, os dois astronautas já estavam acordados a treze horas no momento em que pousaram. Se, como planejado, eles tivessem tentado fazer uma AEV (atividades extra-veiculares ou, mais comumente, um passeio lunar) integral naquele primeiro dia, eles teriam esticado o total de horas acordados para vinte e nove horas. Eram quatro de preparativos para AEV, oito para a AEV propriamente dita e mais quatro para as atividades pós-AEV. Mas ninguém estava interessado em correr os riscos adicionais que a fadiga teria criado, à medida que o dia passasse.
A vida na cabine

Eles consumiriam duas importantes horas extras de oxigênio, água fresca e eletricidade tirando suas roupas e as colocando novamente na manhã seguinte mas, mesmo tendo gasto cinco horas extras não planejadas em órbita lunar, ainda tinham, pelo menos, meio dia de reserva de água e consideravelmente mais oxigênio e força do que precisariam numa estadia completa de três dias. Duas horas após o pouso, Young e Duke estavam fora de suas roupas e uma hora depois, instalados nas redes de dormir. Os dois dormiram ruidosamente e foram a primeira tripulação a fazer isso na Lua.A metade da frente da cabine do módulo, onde os astronautas estavam, era um espaço de seis pés de largura, seis de altura e três de profundidade. A área à frente da popa do espaço dos astronautas era ocupada até em cima com a cobertura do motor de subida. Arrumando-se para dormir, Young e Duke empilharam seus capacetes e roupas na cobertura do motor e amarraram uma rede de dormir para Young na frente dele e na altura das cabeças. Quando ele se deitou, Duke então amarrou sua própria rede próxima ao chão cruzando a cabine e deitou nela. Um dormia em cima do outro, cada qual na sua rede. Não havia muito espaço sobressalente.De manhã - no tempo terrestre deles, porque na Lua o Sol nunca se punha durante as expedições Apollo já que os dias são mais longos - assim que dobraram as redes e se alimentaram, os dois começaram o processo de se aprontarem para sair. Começaram com a chamada Roupa de Resfriamento de Líquidos, uma roupa de baixo na qual finos tubos de plástico eram trançados. Durante a AEV, água fresca podia circular através dos tubos, levando o excesso de suor do corpo para purificadores no equipamento de sobrevivência. Após colocarem estas roupas, eles entraram nas roupas pressurizadas e este ritual sempre tinha que ser feito por dois homens, um ajudando o outro a se vestir. A gravidade lunar os ajudava a levantar a roupa pressurizada de mais de vinte quilos com apenas uma mão. Após abrir o zipper da roupa, um astronauta se pendurava num suporte acima da cabeça e enfiava as duas pernas dentro dela enquanto o outro a segurava. Então, o astronauta dentro da roupa se abaixava para colocar a cabeça dentro dos anéis de pescoço e os braços nas mangas do macacão. As roupas eram confeccionadas individualmente para ficarem justas e isso requeria algumas contorções para vesti-la. No total, o processo levava cerca de vinte minutos e, com o astronauta finalmente vestido, eles desenganchavam os tubos que os mantinham conectados aos suprimentos de ar e água do Módulo Lunar. Neste momento eles ainda não ligavam a água corrente fresca que fluía dentro dos tubos do macacão, mas deixavam o oxigênio correr dentro da roupa e pelos anéis do pescoço e dos pulsos para terem algum refresco. Então todo o processo do vestuário era repetido com o outro astronauta.Alguns acidentes inesperados e bisonhos aconteceram antes da AEV da Apollo 16. Por causa do longo período em que estariam fora da nave, cada um dos astronautas usava um saco de líquido dentro do seu anel do pescoço da roupa e tinham um tubo pelo qual eles podiam sugar o líquido para ter algum refresco. Na Apollo 15, o saco de James Irwin nunca funcionou corretamente, causando uma forte desidratação nele. Na Apollo 16, os sacos vazavam por causa do intermitente contato entre o fim do tubo e os microfones que cada um deles usava dentro do capacete. No caso de Charles Duke, ele se ensopou com quatro ou cinco litros de suco de laranja, enquanto eles ainda se encontravam em órbita lunar. A gravidade zero fez com que ele ficasse completamente encharcado nas roupas apertadas e endureceu seus cabelos.Após o ritual da vestimenta da roupa, os astronautas tinham ainda que colocar seus equipamentos de sobrevivência, os Sistemas Portáteis de Apoio à Vida (SPAV) – a mochila que eles carregavam nas costas - que continham uma caixa de metal com hidróxido de lítio para remover o CO2, suprimentos de oxigênio e água fresca com suas bombas de pressão e o purificador que os ajudava a dissipar o calor. Então vieram os capacetes e luvas, um teste final nas comunicações e, finalmente, um teste na pressurização das roupas. Prontos para realizarem a checagem final do equipamento, os dois primeiro desconectavam suas mangueiras ligadas ao oxigênio do ML e as conectaram às mochilas de sobrevivência; então pressurizavam as roupas para testar se havia alguma vazamento, antes de despressurizarem a cabine.Antes de conferir a pressão, Young e Duke podiam movimentar-se um pouco, apesar do pequeno tamanho da cabine. Nas macias roupas despressurizadas, eles ficavam desajeitados, mas ainda podiam se virar, se curvar e apanhar as listas de controle e peças de equipamento com relativa facilidade. Agora, com as roupas infladas e ambos usando os equipamentos de sobrevivência, a situação era dramaticamente diferente. Para despressurizar a cabine, Duke tinha que puxar alguns interruptores de circuitos num painel na altura de seu ombro direito e mudar algumas posições de válvulas em outro painel atrás. O problema era que agora quase não havia espaço para os dois ficaram em pé ao mesmo tempo, quanto mais se virarem. Young tinha que ficar o mais encolhido que podia do seu lado da cabine para que Duke pudesse atingir os interruptores e se virar para mudar as válvulas. Só quando estivessem fora da nave, na superfície da Lua, eles teriam alguma liberdade de movimento novamente. Felizmente para os dois, eles se pressurizaram apenas alguns minutos antes da hora de Young se arrastar, primeiro pelos pés, para fora da escotilha.
Um passeio a trabalho na Lua

Graças à experiência passada pelas tripulações anteriores, Young e Duke tiveram mais facilidade para se ambientarem às condições lunares e começaram o trabalho imediatamente. Eles deram uma olhada em volta, checaram as condições da espaçonave e se maravilharam com a cratera de cinco metros de profundidade que Young havia sobrevoado nos segundos finais do pouso. A pata traseira do ML estava a menos de três metros da borda. Dez minutos após o primeiro passo de Young na Lua, eles já tinham tudo preparado para por em condições de funcionamento o jipe lunar. Os dois usaram o jipe para marcar uma linha reta de marcas de pneu no chão para desdobrar alguns cabos geofônicos. Um astronauta caminhando poderia ter problemas em manter uma linha reta num terreno acidentado, e na Apollo 17 Eugene Cernan daria o mesmo uso prático a seu jipe.Com três horas e meia de 'passeio lunar', os tripulantes do Orion terminaram a montagem do ALSEP – o conjunto de equipamentos e experimentos levados por cada missão Apollo à Lua para experiências e medições - e estavam prontos para começar sua primeira travessia geológica. Nesta primeira viagem fora do ML, eles teriam que se dirigir para oeste da espaçonave, diretamente contra o Sol, até o lugar chamado de Cratera da Bandeira e voltar. Inevitavelmente, com o Sol baixo no horizonte atrás deles, os dois virtualmente não podiam ver sombras à sua frente e por causa disso pareciam estar se dirigindo para uma terra sem traços ou sinais. (como se pode ver em fotos, a Lua é toda cinza escuro e sem atmosfera significante e o céu é sempre negro, mesmo sob luz solar. Não há cor. Mesmo as fotos coloridas tiradas pelas tripulações Apollo mostram tudo em preto e branco, à exceção dos equipamentos e dos detalhes nas roupas dos astronautas. Tudo isso dificulta bastante a navegação na superfície lunar) Young teve que dirigir bem devagar para evitar as numerosas rochas e pequenas crateras que cobriam a área. Além de tudo, o Sol baixo adicionou o problema básico de estimar tamanhos e distâncias.Se, como as outras tripulações, eles achavam que a navegação visual requeria alguma experiência, eles não tiveram momentos desperdiçados desde que saíram no jipe lunar e estavam prontos para realizar pesquisa geológica. Tanto Young como Duke haviam adquirido grande experiência de trabalho de campo durante o treinamento; e enquanto o comandante deixava Duke fazer a maioria dos relatos ao vivo para Houston, na Terra, observações ocasionais deixavam claro que, atrás da fachada de homem caipira do centro-oesteamericano do comandante, havia um observador astuto e experimentado. No total, eles estiveram longe do ML cerca de duas horas e gastaram uma hora e meia coletando amostras e tirando fotografias em duas paradas, mas infelizmente não havia sinais de vulcanismo recente, que alguns geólogos do Programa esperavam encontrar.A falta de surpresas científicas nesta expedição foi igualada pela falta de surpresas operacionais. Do ponto de vista de uma tripulação, uma boa missão era uma missão sem surpresas, e a medida que o dia passava, Young e Duke provaram mais uma vez o valor de uma equipe bem treinada. A confiança neles mesmos e no equipamento ficou aparente na relativa facilidade com que eles trabalharam nas encostas. Eles haviam aprendido observando os astronautas Scott e Irwin, da Apollo 15.Havia, claro, os inevitáveis percalços. O indicador de alcance do jipe parou de funcionar e eles tiveram que fazer estimativas de distância a olho nu. Os arreios que seguravam a grande coleção de sacos de amostras em seus equipamentos de sobrevivência não paravam apertados. O saco de Young caiu durante a viagem de longo curso durante a terceira AEV – felizmente quando estava vazio – e, geralmente, eles tinham que gastar muito mais tempo do que desejariam apertando as correias dos arreios. Da mesma maneira, os suportes no peito do traje espacial que guardavam maços de sacos de amostras individuais, falhavam repetidamente e eles tiveram que carregar alguns sacos na mão por algum tempo. A vareta do ponteiro do relógio solar – o dispositivo de imagem refletida que produzia uma escala e um vertical local nas imagens - quebrou e eles tiveram que usar suas pás de cabo longo em substituição. Em certo momento, durante a segunda AEV, Young prendeu seu martelo na proteção traseira do lado direito do jipe, arrancando fora parte do paralama. A partir daí, eles dirigiram numa chuva de poeira que não só era um incômodo, mas também contribuiu para um preocupante aquecimento das baterias do jipe lunar. E, finalmente, no caminho deles de volta ao Módulo Lunar, eles momentaneamente perderam potência nas rodas traseiras. Na parada seguinte, Young tentou várias posições de chaves para sanar o problema e acabou desabilitando o sistema de navegação. O problema não foi notado durante algum tempo, mas com a Montanha Smoky marcando o horizonte para o norte, eles puderam dirigir de volta à espaçonave, que estava escondida atrás de um cume, olhando da direção em que estavam voltando para ela.
A Pedra CasaPerto de um dos locais onde pararam o jipe, a assim chamada Cratera do Raio do Sul, havia grandes pedras brancas na borda – com partes negras – e, por fora da borda, ao norte, uma grande pedra negra implorava para ser examinada. Eles examinaram primeiro as rochas brancas, e com pouco tempo sobrando, foram em passos rápidos até a rocha negra. Existe uma maravilhosa parte de filme na coleção da Apollo que mostra pessoas no Backroom – a sala de controle geral das missões Apollo - em Houston, acompanhando Young e Duke indo em direção da pedra; eram cientistas e astronautas reunidos – James Lovell, Harrison "Jack" Schmitt, Lee Silver e outros – que davam conselhos e sugeriam prioridades durante a jornada. A medida que os dois andavam, Ed Fendell – que operava a câmera de TV do jipe lunar por controle remoto desde o Centro Espacial Johnson– aumentava o zoom da lente. Graças aos seus esforços, os astronautas pareciam estar sempre do mesmo tamanho na tela da TV, mas a rocha ia ficando cada vez maior, a medida que se aproximavam dela e os sorrisos e risadas no Backroom se tornavam cada vez mais altos. Era uma grande rocha, grande como uma casa, que a distância parecia minúscula e foi esse o nome que ficou. Os dois passaram alguns minutos tirando fotografias, coletando amostras e se maravilhando com o tamanho da Pedra Casa (The House Rock) – batizada assim por Charles Duke – até que se dirigiram de volta ao jipe.
O Retorno ao Módulo Lunar

Estava na hora de carregar o jipe e dirigir de volta ao Orion. Apesar da última AEV da tripulação ter sido encurtada, Young e Duke estabeleceram vários novos recordes em sua missão. No total, eles coletaram 94 kg de amostras, montaram e colocaram em funcionamento quase meia tonelada de equipamento (incluindo o jipe lunar) e passaram 20 horas e 12 minutos na superfície. Só não estabeleceram o recorde para distância percorrida com o jipe. David Scott e James Irwin da Apollo 15 ficaram com seu recorde pioneiro, pelo menos até aquele momento, por quase um quilômetro de diferença. Mas não havia dúvida que, apesar da realidade da área de pouso de Descartes ter provado ser um pouco menos atraente que o que se esperava antes da missão, John Young e Charles Duke haviam realizado tudo que foi possível com o tempo e o equipamento disponíveis. Na Apollo 17, a missão seguinte, o treino profissional de geologia de Harrison Schmitt adicionou uma capacidade extra à missão, na medida que ele poderia reconhecer relações e detalhes geológicos sutis, e por essa razão, ele e Eugene Cernan puderam fazer suas coletas de maneira mais selecionada. Entretanto, com o tempo disponível em cada AEV, nenhuma das tripulações pôde fazer muitas paradas ou gastar muito tempo procurando por sutilezas. Sua primeira tarefa era identificar o aspecto principal da área, coletar os tipos de rochas preponderantes e procurar por qualquer variedade de pedras que pudesse existir ali. Neste tipo de trabalho, um observador bem treinado era valioso como um profissional e, como observadores, a tripulação da Apollo 16 foi inigualável.
A contribuição da Apollo 16

Na época da decisão do Presidente John Kennedy de colocar um homem na Lua, a Era Espacial só tinha quatro anos de idade e a Era do vôo espacial tripulado, seis semanas. Uma dúzia de pequenos satélites haviam sido colocados numa órbita baixa em volta da Terra. Alguns deles carregaram cachorros ou macacos, como cobaias para futuros viajantes espaciais humanos. Sete espaçonaves haviam sido lançadas em direção da Lua; duas delas haviam sobrevoado o satélite a uma distância respeitável, uma terceira chegou a se chocar com o lado visível e uma quarta girou em volta da Lua e transmitiu de volta para a Humanidade as primeiras imagens granuladas do lado escuro. Yuri Gagarin tinha voado em órbita da Terra e Alan Shepard fez um passeio sub-orbital de 15 minutos numa cápsula Mercury. Apenas oito anos mais tarde, Neil Armstrong e Edwin Aldrin pousaram na Lua e, durante os três anos e meio que se seguiram, eles e outras cinco tripulações provaram, mesmo com os limites impostos por curtas estadias, por orçamentos limitados de equipamento e pelo ambiente lunar propriamente dito, que uma grande quantidade de trabalho científico útil poderia ser feito. De várias maneiras, o fraco campo gravitacional fez o trabalho ser mais fácil do que teria sido na Terra e apenas a necessidade de usar as rígidas e volumosas roupas pressurizadas, mostraram ser uma dificuldade importante para a produtividade.Ficou claro que, com mais tempo, melhores equipamentos e roupas, e um ambiente interno espaçoso nas naves de alunissagem ou em bases fixas no satélite, onde se pudesse trabalhar e viver com roupas normais para se fazer preparativos e reparos, a produtividade dos trabalhos na Lua poderia crescer significativamente. Na época da Apollo 16, os limites do Programa Apollo já haviam se aproximado. As tripulações anteriores haviam testado equipamentos e procedimentos e, se as duas últimas missões pareceram um pouco rotineiras, isso era apenas uma marca da maturidade do Programa. A Lua é um enorme satélite; e em apenas seis missões foi possível colocar junto uma descrição crível dos principais temas da história geológica lunar, planejar a distribuição de recursos em potencial e conseguir alguma experiência valiosa na conduta de operações lunares.

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