Por Thomas Bruno Oliveira
Em maio deste ano, a coleção arqueo-paleontológica do Museu de História Natural do Ingá foi encaminhada para seu restaure por profissionais do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB. Houve um entendimento entre a Prefeitura Municipal do Ingá e a Universidade Estadual da Paraíba para que a coleção pudesse adquirir suas feições originais, abandonando o carcomido estado em que se encontrava, transformando-os novamente em ferramentas didáticas para o conhecimento da pré-história às turmas de visitantes que tem como destino o sítio arqueológico Pedra do Ingá, na Fazenda Pedra Lavrada, em Ingá-PB.
No acordo, o Museu deveria ser fechado a visitações e assim o coordenador do LABAP, o arqueólogo Prof. Dr. Juvandi de Souza Santos em conjunto com o paleontólogo Márcio Mendes realizou o laborioso processo técnico de restaure de todo acervo fóssil do Museu, várias peças foram coladas, impermeabilizadas e ganharam suas feições anatômicas originais. Dois meses foram necessários para que o processo pudesse ser concluído. Outros dois meses foram necessários para que a Prefeitura do Ingá, através da Secretaria de Turismo, pudesse resgatar o acervo nas dependências do LABAP e reorganizá-lo em suas dependências originais. A Prefeitura ficou no encargo de viabilizar a pintura das dependências internas do Museu bem como dar suporte a quaisquer expediente necessário para a estruturação das instalações. Em um outro entendimento entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN e a Prefeitura Municipal, o sítio arqueológico recebeu uma sinalização de visitação e uma proteção restringindo uma área nas proximidades das inscrições para que elas não mais tenham um livre acesso, preservando-a de ações vandálicas. Não podemos deixar de mencionar a participação de alguns abnegados, como por exemplo: Dennis Mota, Karla Rafaela e Kleberto Souza, que fazem parte da atual administração municipal mas, como abnegados, buscam preencher os espaços que a administração não possui condições para ocupar. Estes contributos são essenciais para a efetivação das ações oficiais.
Dia 1º de setembro, todas estas novidades foram informalmente inauguradas, novos aparatos que atendem exatamente a preservação do lugar. O Museu está melhor estruturado e mais aprazível para a contemplação de seu acervo e as inscrições foram preservadas do público que costumeiramente em visitas se debruçavam por sobre os painéis de inscrições, contribuindo com as intempéries que desgastam aqueles vestígios pretéritos.
Finalmente, instituições, órgãos públicos e uma porção da sociedade civil torna-se mais sensível, (evidente que como conseqüência de ações denunciativas nossas e de outros pesquisadores ao longo dos últimos anos), cuja união de esforços oficiais e não-oficiais nos fazem acreditar que a preservação do patrimônio possa ser efetivamente possível. Assim, esta integração entre a sociedade e os poderes públicos é realmente imprescindível para que possamos ter por várias gerações equipamentos públicos de conhecimento e questionamento do passado, neste caso, o sítio arqueológico mais famoso do Brasil, a Pedra do Ingá.
*Professor de História em Campina Grande, Autor do Livro ‘Serra de Bodopitá: pesquisas arqueológicas na Paraíba’, Diretor da Sociedade Paraibana de Arqueologia-SPA, Sócio do Instituto Hist. e Geog. do Cariry e do Neab-í/UEPB. (thomasarqueologia@gmail.com)
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