Por Thomas Bruno Oliveira
Muito se questiona acerca da significação das inscrições rupestres. Abundantes em toda a Paraíba, estes grafismos sempre desafiam a curiosidade de quem se depara com estes sítios arqueológicos pré-históricos seja um estudioso ou mesmo observador deste vestígio. No universo dos registros rupestres, temos os grafismos reconhecíveis, dos quais se observa principalmente as formas humanas (antropomorfos), inscrições em forma de animal (zoomorfos) e os fitomorfos, que são os registros em forma de plantas. Além disso, existem também os grafismos puros, não reconhecíveis, que serão tratados em outro artigo.
Na Paraíba encontramos antropomorfos em várias posições e quantidades, de várias formas, estilos, cores e tamanhos. Chamamos a atenção para o sítio arqueológico Pedra do Inácio no município de Sumé onde dois antropomorfos (vermelhos) estão com os braços meticulosamente erguidos aos céus e um antropomorfo em preto no sítio arqueológico Pedra do Dinheiro em São José dos Cordeiros ou mesmo o conjunto de sete ‘homens’ gravados na Pedra do Letreiro em Picuí cujas inscrições perfiladas parecem compor uma grande cena de dança.
Os fitomorfos são menos presentes. Particularmente na Paraíba ocorrem em uma maior quantidade na forma gravada, como observamos os exemplos da Pedra do Ingá (Ingá), Pedra do Vigário (Soledade), Pedra Branca (em São Mamede) dentre outros, embora encontremos também estas inscrições feitas à tinta, como no sítio Gravatá dos Trigueiros em Queimadas.
Já os zoomorfos, também encontrados em todo o Estado, se apresentam na maioria das vezes de forma estática e isolada (embora exista também em grupo), com tamanhos variados entre 0,2m e 2,1m. São quadrúpedes (dentre eles felinos e cervídeos), aves (em especial a ema) e répteis (mais profusamente os lagartos e quelônios). Destaca-se o interessante sítio Abrigo das Emas, em Monteiro, que contém uma grande ema de asas erguidas ladeada por 11 outras bem menores. Curiosamente todas se apresentam macérrimas, dando a impressão de estarem depenadas. Ao lado do conjunto descrito, encontramos dois cervídeos com imponentes galhaduras. A composição dos painéis rupestres que contém zoomorfos possui um atraente destaque para estas figuras quando o sítio é de pintura, já quando são gravados, os zoomorfos quase sempre estão imbricados no painel, fazendo parte de uma composição maior.
O que queriam transmitir os executores destes curiosos desenhos? Seria parte de um ritual mágico em favor de exitosas caçadas? Traduzem na verdade o cotidiano (danças, caças, combates, sexo, etc) destes povos? Ou seriam apenas fruto de férteis imaginações em ocasiões lúdicas? Ou seria tudo isso? O que sabemos mesmo é que de diversas formas e sob diversas colorações os humanos primitivos que habitaram nossa região deixaram um importante testemunho em rochedos que um dia poderá ser satisfatoriamente elucidado.
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