quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sítio arqueológico Pedra do Navio em Puxinanã


Por Thomas Bruno Oliveira*

O sítio arqueológico Pedra do Navio é um grande afloramento rochoso contendo pinturas e gravuras rupestres localizado a 4 km (oeste) da zona urbana do município paraibano de Puxinanã, na mesorregião Agreste, mais precisamente na localidade Espinheiro, distante 18km de Campina Grande. O testemunho identificativo deste sítio são inscrições pintadas e gravadas em sua face nordeste. A Pedra do Navio é um imponente bloco em rocha gnaisse repouso em uma porção mais alta da ondulada paisagem acatingada do sítio Espinheiro. Dali, observa-se outros afloramentos rochosos por todos os lados, aliás, esta é uma característica marcante da zona rural de Puxinanã. Possui aproximadamente 12m de altura, encimado por espécies cactáceas e bromeliáceas. Sua visualização à distância se assemelha a uma proa de navio, deriva-se desta peculiaridade a sua denominação. Sua face leste é atualmente utilizada como parede de um curral de gado e toda a área defronte ao painel rupestre é constantemente utilizada para fins agrícolas, inviabilizando, em grande medida, possíveis escavações arqueológicas. A face imediatamente oposta ao ornado com inscrições, contém vários blocos sobrepostos, de tamanhos variados, organizados de tal forma que se torna aprazível a estada naquele local (além de se estar protegido), talvez tenha sido ali que o pesquisador José de Azevedo Dantas nos idos de setembro de 1926 tenha testemunhado o achado de „antigas ossadas humanas e alguns ornatos indígenas como pedras polidas, apitos, etc (DANTAS, José de Azevedo. Indícios de Uma Civilização Antiquíssima. João Pessoa: A União, 1994.) O painel gráfico possui 6m por 3,4m de altura e é majoritariamente composto de pinturas em tonalidade vermelha, apresentando diversos símbolos ambíguos e geométricos, além de grades e manchas. As gravuras são divididas em dois grupos, os símbolos raspados e os capsulares levemente picoteados; ambos estão distribuídos na área espacial inferior direita do painel, lugar que curiosamente possui pouquíssimas pinturas, e quando existem estão localizadas centímetros acima das gravuras, nos dando a idéia de que a diferenciação, por parte de seus executores, fosse proposital. A Pedra do Navio possui proximidade com os sítios arqueológicos Várzea da Barriguda, Portela, Várzea de Lagoa e Pedra do Dinheiro, ambos na zona rural de Puxinanã.

Vandalismo na Pedra do Navio

Dia 11 de Janeiro de 2009, uma equipe formada por Thomas Bruno Oliveira e Dennis Mota esteve prospectando serrotes e matacões no leste do município de Puxinanã, no retorno, os expedicionários estiveram no Sítio Arqueológico Pedra do Navio (apresentado na pág. 06 do Boletim Informativo da SPA nº 29). A equipe constatou um alto grau de vandalismo neste local. Além da pichação existente, o curral que tomava a face leste do afloramento rochoso, se estendeu ao painel com inscrições. Além disso, a prática de coivara foi executada defronte às inscrições, promovendo a descamação da rocha pela temperatura. A SPA está protocolando uma denúncia no Ministério Público afim de proteger o que ainda resta deste patrimônio. No dia 22, o consócio Thomas Bruno conduziu uma equipe de reportagem do jornal Correio da Paraíba para este sítio. O jornal estava reunindo dados para produzir uma matéria jornalística especial para o jornal de domingo, que veio a público no dia 01 de fevereiro, evidenciando o vandalismo no patrimônio arqueológico e paleontológico do Estado.

* Diretor da SPA, Sócio do IHGC

Fontes: Boletim da SPA (Sociedade Paraibana de Arqueologia) 29 de Dezembro de 2008 e boletim 30 de Janeiro de 2009.


Fonte: http://mhn.uepb.edu.br/Boletins/Boletim%2029%20-%20DEZ-2008.pdf

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