Por Thomas Bruno Oliveira e Vanderley de Brito
No desenrolar de nossas pesquisas arqueológicas na Paraíba, percorremos cerca de 68% de sua área territorial, identificando e catalogando centenas de testemunhos pré-históricos em diversas áreas fisiográficas, quer seja no alto de serras, em vales ou em leito de cursos d’água . Pouquíssimas são as regiões do Estado em que não atuamos, e ainda assim, destes locais, possuímos seguras informações de achados arqueológicos, da relativamente vasta bibliografia existente ou de outros colegas pesquisadores em ação.
Temos por objeto de estudo, em especial, as inscrições rupestres e, durante este mister, percebemos que determinadas regiões possuem uma uniformidade sistemática no tocante a este gênero de testemunho cultural. Arqueologicamente falando, em várias zonas geográficas do Estado observamos características de inscrições pré-históricas próprias, que credenciam estes locais como ‘Zonas Arqueológicas’, que por sua vez, estão inseridas no que a arqueóloga Gabriela Martin, da UFPE, definiu como ‘Área Arqueológica’, caracterizada por um conjunto de vestígios dentro de uma unidade ecológica que participe das mesmas características geo-ambientais.
A Zona Arqueológica, segundo pretendemos, refere-se a uma unidade sistêmica de registros rupestres em uma determinada área. Admite-se a existência de casos particulares, ou vestígios que em parte fogem ao conceito determinado e, por este motivo, não é coerente estabelecer fronteiras implacáveis e sim flexíveis e dinâmicas. Em determinada zona arqueológica, como a do Vale do Sabugí, percebemos sítios que se desviam da característica emblemática daquela região, assemelhando-os aos sítios da Zona de Taipu e vice-versa, assim como outras Zonas que apesar de predominarem características rupestres bem definidas, também apresentam, de maneira tímida, intrusões rupestres de outras. Contudo, a predominância rupestre majoritária é quem determina cada Zona Arqueológica.
Para fins de uma sistematização conceitual, os parâmetros para determinado estabelecimento de uma Zona Arqueológica Rupestre é a uniformidade predominante no que diz respeito à técnica em que as inscrições foram realizadas, o tipo de monumento suporte comumente selecionado, e sua posição na paisagística, e, por fim, as peculiaridades temáticas e o modelo gráfico dos painéis rupestres.
Obviamente, é prematuro determinar uma sistematização terminológica e classificatória para a arqueologia na Paraíba, devido à incipiência das pesquisas, mas, devido aos muitos estudos desordenados que vem se processando nos últimos anos, urge que nomenclaturas e classificações coerentes – embora que provisórias – sejam prognosticadas nesta “Torre de Babel”, para fins de que nossos diversos pesquisadores se entendam num só dialeto conceitual.
Fonte: http://arqueologiadaparaiba.blogspot.com/2009/07/zonas-arqueologicas-na-paraiba.html
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