Por Thomas Bruno Oliveira e Eraldo Maciel*
Cariris Velhos da Paraíba, terra cheia de história, permeada por mistérios de populações que habitaram a inóspita caatinga em séculos anteriores a chegada dos europeus. Região fortemente marcada pela religiosidade e por traços indígenas que vão desde a pele trigueira à arte do fazer... costumes e cultura peculiar no interior do Nordeste.
As terras caririzeiras ocultam registros de um longínquo passado, são ‘letreiros’ ou ‘letras de índios’ que figuram em rochedos e serras de norte a sul da região. São registros incontestes da remota presença humana por estes rincões.
No último fim de semana, tivemos a oportunidade de se embrenhar na caatinga para conhecer dois sítios arqueológicos de inscrições rupestres no município paraibano de Amparo, localizado no extremo oeste do Cariri, divisa com o Pajeú(PE). A investida foi um pouco dificultada pelas torrenciais chuvas que vem banhando a região desde o carnaval, que além de fazer ressurgir as folhagens da vegetação que em outrora estava ressequida e rala, complicara a nossa passagem pelas principais vias de acesso, sendo necessário atravessar cuidadosamente riachos caudalosos.
Com a caatinga densa, quase impenetrável, iniciamos a jornada e fomos para a localidade do Amaro, à leste da zona urbana. Lá encontramos uma placa granítica inclinada com aproximadamente seis metros de altura contendo um painel de pinturas vermelhas em dois tons. São desenhos complexos e ambíguos. Não encontramos nenhum grafismo reconhecível, caracterizando as inscrições como fortemente simbólicas. Dali fomos para a localidade do Cunha, que ocultava em sua mata um enorme bloco rochoso repleto de grafismos rupestres. O painel de letreiros do Cunha se dividiam em grupos de pequenas linhas paralelas (em conjuntos de dois e três) e em um grupo de símbolos circulares realizados de forma meticulosamente semelhante. Nesta porção do painel encontramos a formação de uma camada esbranquiçada composta por sais oriundos da água que banha o alto do monumento. Infelizmente os desenhos eram bem mais vívidos, testemunha uma moradora local.
De forma geral, os Cariris Velhos possuem uma riqueza imensa no tocante a sítios arqueológicos pré-históricos. Em estudos de membros da Sociedade Paraibana de Arqueologia constata-se a existência de pelo menos um sítio nos domínios de 27 dos 28 municípios integrantes da microrregião do cariri, o Prof. Vanderley de Brito afirma que esta região do Planalto foi intensamente povoada por populações indígenas e atualmente o Prof. Juvandi de Souza Santos está se dedicando a importantes escavações arqueológicas nesta região.
A riqueza pré-histórica dos Cariris Velhos está sendo descortinada. Num futuro próximo os mistérios darão espaço às certezas e nosso passado indígena será cada vez mais elucidado.
*Acadêmicos de História UEPB.
Fonte: http://www.brejo.com/b8/ler.coluna.php?ArtID=501
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