quarta-feira, 12 de maio de 2010

A Serra da Copaoba


Por Vanderley de Brito

A História registra que a primeira notificação documentando acerca de inscrições rupestres em nosso país se deu em 1598. Tendo como cenário uma furna, formada pela sobreposição de rochas, à margem de um rio chamado Araçoajipe, repleta de sinais esdrúxulos. A descoberta desse sítio rupestre se deu fortuitamente, quando a tropa do Capitão-mor da Província da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, andava pelas fraudas da serra da Copaoba em expedição bélica contra os índios Potiguara.
Como o texto descreve em termos muito vagos e gerais, muitos querem crer que a antiga serra da Copaoba seria uma exígua elevação, hoje denominada de Serra da Raiz, que é o primeiro rebento lacônico da Borborema ao leste. Contudo, de acordo com as referências de fins do século XVI e início do seguinte, forçosamente, a Copaoba parece ser um território muito mais abrangente. O próprio nome, que segundo estudos lingüísticos quer dizer “o que ao longo se estende”, parece querer dizer que se trata de dilatada formação num horizonte. Ou seja, o dilatado contraforte ocidental do Planalto da Borborema que se descortina para quem vem do litoral.
Quem primeiro comunicou da existência deste antigo relato de inscrições rupestres na Paraíba foi o Visconde de Porto Seguro, Francisco Adolfo de Varnhagen, numa carta enviada em 1874 dirigida ao cônego Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, relatando ter tido acesso ao documento na Biblioteca Pública de Lisboa e solicitando que informasse essa notícia ao juiz de Independência (atual Guarabira), da comarca de Mamanguape, para verificar essa curiosidade. Como se vê, o próprio Varhnagen também acreditava que a Copaoba era a Borborema. E não a tênue Serra da Raiz.
Num outro documento, de 1639, (Descrição Geral da Capitania da Paraíba) o governador holandês Elias Herckmans descreve a Copaoba da seguinte forma: “Seus montes são mui altos e as suas encostas muito íngremes que de sorte há de se passar um dia inteiro para se chegar acima. Sendo aí chegado, encontra-se uma planície grande e igual, e tão extensa é que ninguém ainda foi até a outra extremidade”.
Segundo o historiador Elpídio de Almeida (Também foi Prefeito de Campina Grande entre 1947 a 1951) , num trabalho publicado em 1966, até pelo menos o ano de 1674 era ainda a Borborema denominada de Copaoba. Não sabemos ao certo a partir de quando surgiu o nome Borborema para definir o Planalto, contudo encontrei uma sesmaria datada de 1701 mencionando a Serra da Borborema pelos seus precipícios ocidentais. Teria o Planalto recebido esta denominação pelos desbravadores vindos do Pageú e depois de constatado que se tratava da mesma Copaoba que se erguia no outro extremo, predominou a nomenclatura destes desbravadores do ocidente que tantas sesmarias tiveram concessão?
Sendo assim, as inscrições descobertas nas fraudas da Copaoba estariam em algum lugar na base do ininterrupto e contrastante contraforte oriental do Planalto da Borborema. Talvez no vale do rio Araçagi.


Fonte: http://www.brejo.com/b8/ler.coluna.php?ArtID=405

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