O sítio arqueológico Pedra do Sino é um conjunto de blocos rochosos contendo inscrições rupestres localizado na zona rural do município de Santa Luzia-PB. Sua denominação deriva-se do fato de em tempos idos, uma das rochas graníticas emitir um som metálico ao ser percutida.
Distante 6km da zona urbana, na margem direita da antiga estrada da mina da Quixaba, ligação entre os sítios Cacimba Velha e Ponta da Serra, está um conjunto de rochas graníticas de fina granulação no alto de uma pequena elevação. Na parede rochosa voltada para a estrada há a presença de um pequeno painel rupestre formado por pinturas vermelhas e um capsular gravado, vestígios de presença humana pré-histórica. Chama-nos atenção, a frase contida (em vermelho) acerca de 1,5m acima das inscrições: ‘PLANTAI O GERGELIM’, que segundo o pesquisador João Marinho de Morais Neto, refere-se a uma campanha efetuada pelo ministério da agricultura em meados da década de 1940. Intrigante é a presença da frase dividindo espaço com as inscrições rupestres.
Com relação a sua denominação, no interior do estado não é incomum, encontram-se em vários municípios paraibanos (Cabaceiras e Ingá por exemplo) pedras ‘sonoras’ que são denominadas pelos populares de ‘pedra de sino’. Por coincidência (ou não), nestes mesmos locais existem vestígios humanos pré-históricos. Seria esta característica uma das responsáveis pela escolha da rocha a ser pintada? Com relação à ‘pedras de sino’, Irineu Jóffily em sua obra ‘Notas sobre a Parahyba’ de 1892 afirma: “Não sabemos se o som que emitem é motivado por formação especial da rocha. Me parecendo que é devido antes a qualquer concavidade do que a outra coisa, porque, aparentemente, as tais rochas são graníticas, comuns em todo o Sertão.”
Este sítio arqueológico já foi estudado por alguns pesquisadores, Ruth Trindade de Almeida em sua obra ‘A arte rupestre nos cariris velhos’ (1979) o denomina de Sítio Ponta de Serra, Morais Neto em ‘Itaquatiaras do Seridó paraibano’ faz uma breve descrição, acompanhado de dados geográficos e em 2004 o pesquisador Carlos Alberto Azevedo em ‘Sítios Arqueológicos de Santa Luzia’ aborda o sítio trazendo inclusive fotografias.
No início do mês, em pesquisas da Sociedade Paraibana de Arqueologia, estivemos neste sítio colhendo dados para os arquivos da instituição, além de fotografias e coordenadas geográficas, constatamos o atual estado de conservação do sítio, que aliás não é bom. Além de uma grande descamação ao lado das inscrições e a ação do intemperismo, observamos uma remoção do solo imediatamente abaixo do painel rupestre, evidenciando uma provável escavação no local, o que inviabiliza um provável estudo daquele sedimento arqueológico, perdendo para sempre dados importantes para a compreensão do passado.
*História - UEPB Membro da Sociedade Paraibana de Arqueologia - SPA e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Arqueologia Histórica e Industrial - GEPAHI. Sócio Honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri Paraibano – IHGC
Nenhum comentário:
Postar um comentário